O cinema grego, pouco divulgado no Brasil, é muito conceituado na Europa, como muitas comédias de sucesso que foram produzidas na década de 50. Porém, os maiores destaques ficam para os maravilhosos filmes dirigidos por Mixalis Kakoyannis, que retratam a cultura, a dança e a música e, principalmente, os sentimentos do povo grego; os importantes filmes politizados, especialmente os dirigidos por Costa-Gavras e os filmes intimistas de Théo Angelopoulos. Não só os grandes diretores gregos devem ser lembrados mas, também, artistas, como Melina Mercoury, Irene Papas e outros que tiveram atuação brilhante em vários filmes. Algumas produções, gregas ou estrangeiras, que enfatizam os costumes locais ou foram rodados nas lindas paisagens da Grécia, são filmes que obrigatoriamente devem ser assistidos por aqueles que  apreciam o país. Incluem-se, entre eles, o clássico Nunca aos domingos e os vencedores do Oscar : Zorba o Grego, Os Canhões de Navarone, Z e Mediterrâneo. Mais recentemente surgiram, neste século, novos diretores gregos com alguns filmes de muito prestígio. Entretanto, o objetivo neste site, que é de turismo, é ressaltar filmes que mostrem paisagens ou fale de costumes gregos, para antes de uma viagem para a Grécia ver alguns destes filmes para, estando lá, reconhecer a paisagem e ambientar-se na vida grega. Aqui pode-se ler a resenha de alguns filmes (a maioria disponível em DVD, em streaming, tipo Netflix ou até para download na internet) e começar a sua viagem através da tela do cinema.

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A MULHER DE NEGRO (TO KORITSI ME TA MAVRA), de 1956, dirigido por Kakoyannis, mostra a vida do jovem escritor ateniense, Pavlos (Dimitris Horn) que chega com um amigo (Notis Periyalis) para passar alguns dias de férias na ilha grega Hidra. Resolvem hospedar-se em uma casa de família (o que revela o costume de hospedagem em “domatio” nas ilhas, como dito na parte de hotelaria do site) aonde moram uma viúva, sua linda filha, Marina (Elli Lambetti) sempre vestida de preto e um irmão dela.

 O enredo revela as dificuldades da viúva em sua vida amorosa, perseguida por preconceitos e a vergonha de seus filhos, sempre ironizados pelos habitantes locais. Marina e Pavlos se apaixonam para irritação dos jovens da ilha que a pretendiam e, não aceitam o seu amor por um ateniense. Armam, então, uma cilada para Pavlos, fazendo-o naufragar com um barco repleto de crianças. Marina vai em busca da verdade, até revelar os verdadeiros culpados. O filme é forte, de enorme sensibilidade, com linda fotografia e mostra muito da vida cotidiana de uma ilha grega

A LENDA DA ESTÁTUA NUA (BOY ON A DOLPHIN), de 1957, dirigido por Jean Negulesco, foi a estréia da atriz italiana Sophia Loren no cinema americano. Além dela estrelam Allan Ladd, Clifton Webb, Jorge Mistral, Charles Fawcett e Alexis Minotis. No filme há cenários belíssimos da Acrópole de Atenas e cenas rodadas em várias ilhas, especialmente na charmosa Hidra. Phaedra (Loren) é explorada pelo namorado que a obriga a mergulhar para recolher esponjas. Em um desses mergulhos ela encontra um navio afundado, muito antigo, com uma estátua de ouro encravada na proa, representando um menino sobre um golfinho. Alertada da descoberta pelo médico inglês que reside na ilha, Loren parte para Atenas na busca de arqueólogos que possam lhe trazer muito dinheiro. Aí começa a disputa entre um arqueólogo honesto, defensor de que a Grécia deva ser dona dos tesouros encontrados em sua área, e um contrabandista de obras de arte. O final é emocionante e durante o filme há muitas cenas típicas das ilhas, incluindo as danças, a arquitetura e as paisagens marítimas. Veja abaixo duas cenas do filme no Youtube, em uma delas Sophia Loren cantando em grego.

 

NUNCA AOS DOMINGOS (NEVER ON SUNDAY), de 1960, dirigido pelo francês Jules Dassin, é provavelmente o filme que melhor representa a forma de pensar e agir dos gregos. Estrelado pela badalada atriz grega Melina Mercoury, o filme retrata a vida no porto de Pireus e as dificuldades de um americano em se adaptar aos costumes locais. Apaixonado pela prostituta mais popular do local, o americano empenha-se em tirá-la daquela vida. A transformação dos hábitos da prostituta, seguida por sua crise de consciência e a sua volta à realidade, preferindo lutar por seus ideais e pelos direitos de uma classe explorada, demonstra bem a forma de pensar e agir de um povo que se dedica com afinco aos amigos e às lutas de classe. As cenas rodadas no bar, com homens dançando Zebékika, são vistas com freqüência na vida real ainda hoje. O episódio do tocador de buzuki que, ao ouvir dizer que tocava mal, tranca-se em prantos no banheiro, retrata bem a paixão do grego pela música. A festa de aniversário da popular prostituta com muita música, comida e bebida revela a alegria de um povo que tem prazer pela vida simples desde que rodeada de amigos e discussões filosóficas. NEVER ON SUNDAY é um filme imperdível para se entender o coração e a alma grega.

OS CANHÕES DE NAVARONE (THE GUNS OF NAVARONE), rodado em 1961 pelo diretor J. Lee Thompson, tem um elenco repleto de estrelas (Gregory Peck, David Niven, Anthony Quinn e Irene Papas). 

Conta a história de um comandante aliado que lidera um grupo de elite com o objetivo de destruir os canhões nazistas na ilha grega de Navarone (fictícia), durante a Segunda Guerra Mundial.

 O filme tem cenas eletrizantes, misturando ação a conflitos psicológicos de uma forma inovadora.A passagem do grupo por pequenos vilarejos gregos mostra a maneira com que os gregos viviam na época. Ganhou o Oscar de efeitos especiais.


PROFANAÇÃO(PHAEDRA), filme de 1962, do diretor Jules Dassin, em uma adaptação do clássico da mitologia grega, Phaedra, filha de Minos e esposa de Teseu, que se apaixona pelo enteado, Hipólito, que a rejeita e ela o acusa injustamente de tê-la violado. No filme, Teseu corresponde a Thanos (Ralf Vallone), armador milionário casado com Phaedra (Melina Mercouri). O casal muito rico é também muito bem visto pela sociedade, ela chamando a atenção de todos, por sua beleza, sendo invejada por outras mulheres e ele simpático com todo mundo. O filho de Thanos, Alexis (Anthony Perkins), de uma relação anterior do pai, se isolou em Londres e se dedicou totalmente às artes, o que desagrada o pai que quer tê-lo ao seu lado na construção naval. Ele pede então que Phaedra vá encontrá-lo para trazê-lo de volta à Grécia. O que Thanos não esperava era que Phaedra iria se apaixonar pelo filho e, ao contrário da mitologia, este corresponde ao amor da madrasta. Ambos passam a viver uma relação quase incestuosa e o rapaz exige que Fedra fique com ele. Mas ela acaba retornando à Grécia, negando o seu pedido de continuarem juntos. Alexis então começa a desprezá-la, aceita um convite do pai para passar o verão na Grécia onde procura mulheres mais jovens, fazendo com que Phaedra decida se vingar, levando a trama a uma verdadeira tragédia grega familiar. Parte do filme é rodado em Hydra, na Grécia, além de locações em Londres e Paris e tem trilha sonora maravilhosa de Mikis Theodorakis.  O trabalho dos atores principais é admirável.

ZORBA, O GREGO (ZORBA, THE GREEK), filme dirigido por Mixalis Kakoyannis, em 1964, com participações de Irene Papas e Alan Bates, que conferiu o Oscar a Anthony Quinn, eternizando-o no cinema. A história é um clássico da literatura grega, escrito por Nikos Kazantzakis. Kakoyannis criou uma Grécia pobre e austera, em branco e preto, onde Alexis Zorba é um camponês de meia idade, selvagem e sonhador, completamente sem preconceitos, com grande senso de humor e sede de viver. Ele influencia um jovem inglês (Alan Bates), seu chefe, que trabalha com ele em uma mina, a ter um pouco de loucura como o único caminho para a total liberdade. O filme é um culto à liberdade de expressão, representada no filme principalmente pela dança grega, o Syrtaki. Quanto mais sofre, mais Zorba dança! Para ele a dança é uma arte mental e não física : “dançamos com a cabeça e um sorriso no rosto, os braços são apenas para dar o equilíbrio”. A música do filme, escrita por Mikis Theodorakis, passou a ser um ícone da música grega. Em 1968 surgiu na Broadway a versão musical de Zorba, interpretada por Herchel Bernardi. A imagem de Anthony Quinn ficou tão fortemente ligada à de Zorba, que o espetáculo foi um fracasso total. Em 1982, o próprio Quinn aos 67 anos de idade, estrelou uma nova montagem, com sucesso por quase cinco anos. Anthony Quinn fascinou-se tanto pela figura de Zorba que, mesmo na vida real, seus trejeitos ficaram muito semelhantes ao do personagem interpretado.

O MAGO (THE MAGUS), filme realizado em 1968 pelo diretor Guy Green, baseado na novela de John Fowles. Tem um elenco repleto de estrelas, no melhor de suas formas : Anthony Quinn, Candice Bergen, Michael Caine e Anna Karina entre outros. Considerado como um drama pela maioria dos críticos, na realidade é uma incansável seqüência de suspenses e mistérios. Michael Caine, ou o professor Nicholas Urfe, abandona um amor em Londres e refugia-se em uma pequena ilha grega, substituindo o antigo professor primário de inglês que suicidou-se misteriosamente. Em pouco tempo ele conhece “O Mago” (Quinn) e passa a fazer parte de um interessante jogo repleto de enigmas. A cada vinte minutos há uma reviravolta no enredo. Será, afinal, Antonny Quinn um grego traidor durante a Guerra Mundial, ou um famoso psiquiatra de Atenas, ou será, ainda, um produtor cinematográfico??? E Candice Bergen, será uma atriz promissora, uma esquizofrênica ou apenas um fantasma???….O filme é difícil de se compreender em algumas partes e necessita total atenção do espectador. Embora os créditos do filme o identifiquem como filmado na Grécia, Espanha e Inglaterra, o filme foi totalmente rodado na ilha de Mayorca, na Espanha. Entretanto, foi criado um cenário totalmente grego, desde a cidade da ilha, como a casa onde se passam a maioria das cenas, como as falas, muitas delas em grego. Esse fato é de suma importância pois a palavra ” elefteria ” (Liberdade, em grego) foi utilizada no filme com a força que merece tal sentimento para um grego. Outra cena muito característica da Grécia é a do pastor de ovelhas oferecendo leite fresco a uma turista: nada mais grego!!! Dificilmente, quem conhece a Grécia e não tem a informação de que o filme tenha sido filmado na Espanha, percebe o fato

Z, baseado na novela do escritor Vassilis Vassilikos e dirigido por Costa-Gavras, ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1969. Costa-Gavras nasceu na Grécia, em 1933 e destacou-se como um dos diretores de maior prestígio do cinema político mundial, assinando clássicos do gênero, como Estado de Sítio, A Confissão, Desaparecido (Missing), Amém e Z, sua maior obra-prima. Z, inicial da palavra ZEI (pronuncia-se Zi – “Ele vive”, em grego), mostra os bastidores de um crime político ocorrido em meados dos anos 60, na Grécia. A história traça um paralelo com o assassinato de Gregorios Lambrakis, renomado Professor de Medicina da Universidade de Atenas e popular deputado pacifista de esquerda, ocorrido em Thessaloniki alguns anos antes. No início do filme o diretor já avisa: “Qualquer semelhança com fatos ou pessoas vivas ou mortas, não é casual, é intencional.”. No filme, o político (interpretado por Yves Montand) é assassinado em uma praça pública durante uma manifestação pela paz e pelo desarmamento. Após a morte, militares, policiais e membros do governo tentam abafar o caso fazendo-o parecer um acidente. Mas apesar de morto ele ainda vive ( Z )! 

O promotor encarregado age como detetive para descobrir os verdadeiros culpados e traz à tona uma rede de escândalos e corrupção que acabam por levar o líder do partido de oposição ao cargo de Premier. Porém, em 1967, um golpe militar derrubaria o governo legítimo. 

Z é um dos filmes mais premiados de todos os tempos, um contundente thriller político com ótimo elenco, destacando-se Jean-Louis Trintignant e Irene Papas.

O ADORÁVEL BENJI (FOR THE LOVE OF BENJI), dirigido por Joe Camp, em 1977, a maior estrela desta aventura é o cãozinho Benji, protagonista de uma série de filmes. Em viagem de férias à Grécia, Benji é usado por um contrabandista para carregar, escondidas em sua pata, valiosas informações científicas. Chegando em Atenas, Benji foge do aeroporto e inicia uma peripécia pelas ruas da cidade, perseguido pelo contrabandista, mostrando belas imagens da Acrópole e das ruas do bairro Plaka. As expressões de Benji demonstram seu talento e encantam os espectadores. Sempre com muita inteligência, o cão escapa várias vezes das mãos do contraventor e ainda consegue reencontrar a família com a qual vive, salvando sua dona de uma situação perigosa. Participações de Ed Nelson, Cynthia Smith, Patsy Garrett e Allen Fiuzat.

O MAGNATA GREGO (THE GREEK TYCOON), um filme de J. Lee Thompson, rodado em 1978 e novamente com Anthony Quinn, no papel principal, como Aristoteles Onassis. Jacqueline Bisset faz papel de Jackie Kennedy. A história pretende contar a vida de Onassis porém, gera muitas discussões sobre sua veracidade e distorções de fatos reais (por exemplo, especula-se que a morte do filho de Onassis tenha sido por sabotagem e não um acidente). Mas, o que vale no filme é a fotografia, com várias paisagens deslumbrantes das ilhas gregas. Dentro do espírito grego, a melhor passagem é quando Onassis janta com Jackie em uma taverna numa ilha, tomando ouzo, quebrando pratos (atividade proibida atualmente na Grécia e substituída por guerra de flores) e dançando músicas gregas em um cenário típico que pode ser visto atualmente em qualquer ilha. A dança, no final do filme, na ilha de Mykonos, ao pôr-do-sol, é antológica.

FEDORA, de 1978, penúltimo filme dirigido pelo famoso diretor Billy Wilder. Quase todo o filme é rodado na elegante ilha de Corfu (ou Kerkyra, em grego) e envolve suspense, ação e alguma parte de humor. Em busca de um sucesso, o produtor de Hollywood Barry “Dutch” Detweilwer (William Holden) tenta convencer a talentosa e famosa atriz polonesa Fedora (Marthe Keller) a desistir de sua aposentadoria, para encenar o que ele julgaria poder ser um grande sucesso, uma nova adaptação para o cinema, de Anna Karenina, de Liev Tolstói. Curiosamente o filme se inicia com  Fedora, se jogando embaixo de um trem, parodiando o final do romance Anna Karenina. Em seguida o velório luxuoso, como merece uma lenda do cinema, e a presença do produtor, causando mal estar nos amigos mais chegados de Fedora : uma Condessa, idosa e temperamental, dona da Vila onde Fedora havia se confinado, numa ilhota em frente à Corfu; um médico misterioso e uma governanta e um motorista extremamente hostis, que a isolavam de tudo e de todos. Afinal, semanas antes, o produtor  tinha ido à Grécia com o intuito de apresentar à ela o roteiro do novo filme e acompanhou os últimos dias de vida da atriz. A partir daí o filme se desenvolve em flashback, com a chegada do diretor à Corfu em busca de Fedora, quando muitos fatos misteriosos acontecem até a morte da atriz e um final surpreendente. O filme foi muito comparado na imprensa ao imortal “Crepúsculo dos deuses” do mesmo diretor, o que levou à injustas críticas tanto ao filme como a Billy Wilder. O elenco do filme é ótimo, com excelente participação de Mario Adorf, que interpreta o gerente grego do hotel onde Dutch se hospeda, assumindo o espírito do verdadeiro grego, sempre prestativo e repleto de costumes locais, como se vê ainda hoje. Michael York interpreta a si mesmo, como o paquera jovem de Fedora e Henry Fonda, também interpretando a si mesmo, vai a Corfu para entregar um Oscar à Fedora, já que a mesma se recusava a aparecer em público para recebê-lo.

ESCAPADA PARA ATHENA (ESCAPE TO ATHENA), de 1979, dirigido por George P. Cosmatos, tem um elenco repleto de estrelas (David Niven, Roger Moore, Claudia Cardinale, Telly Savalas, Stefanie Powers e Elliot Gold).

 O filme, rodado na ilha de Rodes, conta a história de um grupo de resistência multinacional, durante a Segunda Guerra Mundial, em uma ilha grega. Com muitos toques de humor, especialmente dado por Elliot Gold, o filme é cheio de cenas de ação. Athena (não confundir com a Capital da Grécia) é um rico Monastério dominado pelos alemães durante a Guerra.Savalas protagoniza o líder da resistência, junto com um italiano e um americano mais interessados no tesouro do Monastério. Roger Moore interpreta um oficial alemão, que passa para o lado da resistência, seduzido por uma jovem americana. A cena em que Elliot Gold persegue, em uma motocicleta, um oficial alemão, ilustra bem a cidade antiga de Rodes e os costumes gregos (note a presença de um burro no meio da rua). As cenas filmadas no Monastério encantam pela beleza da arte bizantina, que pode ser visitada ainda hoje, em muitas igrejas e monastérios gregos. Na cena final, Savalas comemora a vitória, dançando música grega em uma das inúmeras praças de Rodes.

007,SOMENTE PARA SEUS OLHOS (FOR YOUR EYES ONLY), aventura do agente secreto britânico 007, James Bond, estrelado por Roger Moore e filmado em 1981 com direção de John Glen. Um navio de patrulha inglês é bombardeado no mar Jônico, afundando com uma potentesecreta. Em busca desta estão Bond e alguns contraventores gregos que querem vendê-la aos comunistas. Bond tem a ajuda da linda grega, Melina (Carole Bouquet), cujos pais foram assassinados por saberem a localização do navio naufragado. Não é preciso dizer que os dois se apaixonarão no final do filme. Provavelmente é o filme de 007 com as locações mais bonitas, seja pelas paisagens das montanhas nevadas, rodadas em Cortina D´ Ampezzo, na Itália, seja pelas cenas filmadas no calor da ilha de Corfu, na Grécia, e principalmente, pelas cenas finais que se passam nas místicas montanhas e monastérios de Meteora, no interior da Grécia. Em Corfu pode-se observar a beleza arquitetônica do lugar, além do contraste do luxo do cassino e da vida noturna, com a vida simples dos habitantes da ilha, incluindo uma amostra de dança grega na rua e cenas de um casamento. Em Meteora, Bond escala uma das mais altas montanhas para chegar a um monastério. Um detalhe curioso do filme é que a arma, em posse dos bandidos, vai ser escondida em “São Cirilo” e Bond fica sabendo que existem 439 igrejas com este nome na Grécia, ressaltando a parte religiosa do país e seu número infindável de igrejas.

AMANTES DE VERÃO (SUMMER LOVERS), Daryl Hannah, Peter Gallagher, Valerie Quennessen e Carole Cook estrelam o filme dirigido por Randal Kleiser, rodado em 1982. Embora com algumas imagens misturadas de Mykonos e da praia de Matala, em Creta, sem muita conexão com o roteiro, é o filme que melhor mostra as belezas da romântica Santorini, graças à fotografia de Papaconstantinos. Há cenas maravilhosas das cidades de Ia e Thira e das lindas escavações de Akrotiri. O filme começa mostrando uma típica mistura de jovens turistas em busca de diversão e velhos gregos vivendo em seu meio. Em seu decorrer ilustra muito bem a vida noturna da ilha como ela é ainda hoje. Um jovem casal americano vai à Santorini em sua primeira viagem conjunta. Lá o rapaz conhece uma arqueóloga francesa por quem se apaixona. Dividido no amor, reluta para não perder a namorada e a convence, com a ajuda da arqueóloga, de que poderão viver a três. O triângulo amoroso ganha forma e abate preconceitos mostrando conflitos, paixões e toques de humor. Quando uma das mulheres sai de cena existe a depressão, a necessidade da reconquista e a frustração por parte dos outros dois. Enfim, um filme que não poderia ter local mais apropriado como cenário e que se mostra muito além do seu tempo.

TEMPESTADE (TEMPEST), filme dirigido por Paul Mazursky, em 1982, tendo no elenco John Cassavetes, Raul Julia, Susan Sarandon, Gena Rowlands, Vittorio Gassman e Molly Ringwald. Adaptado de uma peça de Shakespeare, Mazursky conta a história de Phillip (John Cassavetes), famoso arquiteto de Nova Iorque, que se cansa da cidade grande e entedia-se no casamento. Separa-se da esposa Antonia (Gena Rowlands) e, com a filha Miranda (Molly Ringwald), parte para a Grécia em busca do resgate de sua dignidade. Na cidade de Pireus conhece a sedutora Aretha (Susan Sarandon) com a qual passa a viver um romance. Quando a ex-esposa chega à procura da filha, ele se esconde com Aretha e Miranda em uma ilha isolada, onde mora apenas Kalibanos, um pastor que dorme com as cabras (Raul Julia, em extraordinária interpretação, retratando um grego eremita). Em tom de tragicomédia, as mulheres sentem o afastamento do mundo moderno, enquanto Phillip se delicia com sua nova vida, refletindo sobre o senso e a moral. Um dia Kalibanos percebe a chegada de uma embarcação e, através de seu telescópio, Phillip reconhece Antonia e seu novo e milionário amante (Vittorio Gassman). Temendo que a filha seja encontrada e volte para os Estados Unidos com a mãe, ele evoca uma tempestade mágica que faz com que o barco naufrague. Entretanto, todos são resgatados com vida e enquanto novos amores acontecem, velhos amores se reconciliam diante da simplicidade e beleza da ilha, em um clima de festa. O filme mostra lindas cenas do mar na Grécia, destacando-se a cena inicial de um barco navegando ao pôr-do-sol.

ELENI, filme dirigido por Peter Yates, em 1986, baseado na história verídica do repórter Nicholas Gage (interpretado no filme por John Malkovich) do New York Times, que retornou à Grécia em busca de seu passado. O pai de Nicholas refugiara-se nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial sem sequer ter conhecido o filho. Terminada a guerra, sua mãe Eleni (Kate Nelligan), Nicholas (cujo nome real era Nikolas Gatzoyannis), então com aproximadamente oito anos, e suas quatro irmãs, que moram num pequeno vilarejo nas montanhas do Épirus, próximo da Albânia, esperam o chamado do pai, para se mudarem para a América. Entretanto, vem a guerra civil na Grécia e a região é tomada pelos comunistas. Sabendo que o marido de Eleni mora nos Estados Unidos, ela é perseguida pelo comando local. Mãe devotada, ela é obstinada na defesa de seus filhos e ao saber que as crianças locais serão mandadas para Albânia e Tchecoslováquia para serem educadas como soldados comunistas, consegue fazer com que os filhos fujam, com exceção de uma filha que tinha sido forçada a engajar-se no exército comunista. Eleni é torturada, condenada à morte, num julgamento corrupto, e fuzilada. No momento do fuzilamento, ela grita: “MEUS FILHOS!!!”. Nicholas consegue chegar ao encontro de seu pai nos Estados Unidos e torna-se um repórter investigativo importante (tanto que, na vida real, foi homenageado várias vezes na Casa Branca). Trinta anos após, ele volta à Grécia como correspondente estrangeiro para o Oriente Médio, e aproveita para esclarecer as circunstâncias e encontrar os responsáveis pela morte de sua mãe. O livro Eleni foi citado em importante discurso do Presidente Ronald Reagan, em 1987, na tentativa de convencer o Presidente russo, Mikhail Gorbachev, a realizar um grande desarmamento. O filme retrata com clareza a importância da participação materna e o significado de família para os gregos.

ALTA ESTAÇÃO (HIGH SEASON), filme dirigido pela esposa de Bernardo Bertolucci, Clare Peploe, foi rodado na cidade de Lindos, na ilha de Rodes, em 1987. Uma comédia romântica, com o típico humor inglês, misturando cenas dos hábitos locais, revolução sexual e choques de costumes. A história se desenrola entre as maravilhosas paisagens das ruas de Lindos e o interior de suas casas, revelando, com muita fidelidade, a simplicidade aconchegante das casas de uma ilha grega. Irene Papas faz o papel de uma mãe-viúva em grande interpretação. Suas diferenças com o filho, que pretende modernizar o local adequando-o para o turismo, demonstra bem o espírito das mães gregas do pós guerra, na defesa de seus costumes e no respeito aos heróis de guerra. Jacqueline Bisset interpreta uma fotógrafa dividida entre seu trabalho, suas dificuldades financeiras e amores. Apaixonada pelo ex-marido (James Fox) com quem tem, entretanto, diferenças culturais, tem uma aventura sexual com um jovem inglês (Kenneth Branagh) e ouve seguidas declarações de seu melhor amigo (Sebastian Shaw), um crítico de arte inglês e também espião, que a quer em casamento. Alta Estação é um filme leve e gostoso de assistir.

SHIRLEY VALENTINE, filme de Lewis Gilbert de 1988. No elenco, Pauline Collins, em grande interpretação, Tom Conti, Julia McKenzie, Alison Steadman e Joana Lumley. O filme contrapõe a vida monótona de uma cidade inglesa, repleta de neuroses e preconceitos, com a vida simples, porém maravilhosa, de uma ilha grega. Uma entediada dona-de-casa de 42 anos deixa o marido e os filhos em Manchester e vai passar 15 dias em Mykonos. Lá encontra seus sonhos, a natureza, a razão de viver e redescobre não só o sexo como a si mesma, recusando-se a voltar para a Inglaterra. O filme mostra todas as belezas da ilha de Mykonos (as maravilhosas praias, a Little Venice, a vida agitada dos cafés do porto e a venda de flores que são colocadas sobre um burrico, etc…). Várias são as cenas que ilustram com exatidão a vida em uma ilha grega, especialmente as do casamento (completo, mostrando a cerimônia na igreja, o desfile pelas ruas com música ao vivo e a festa com as danças gregas) e as do pôr-do-sol. Quem já viveu a experiência de sair de uma grande cidade para dias de descanso em uma ilha grega, se emociona com o filme.

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